Enquanto
produzíamos essa matéria, um veículo de duas ou quatro rodas foi
tomando de assalto ou furtado em Feira de Santana. Isso porque, em
média, 138 veículos entre motos e carros são subtraídos mensalmente na
cidade, tendo como média cinco ao dia, segundo dados apurados pela
reportagem do Folha do Estado com a Polícia Civil.
Entre 1° janeiro até esta sexta-feira (25), 968 veículos (carros e
motos) foram levados por bandidos na cidade. Deste número, apenas 390
foram recuperados pela Polícia, ou seja, 40,3%. Neste mesmo período, 87
motocicletas foram furtadas e 548 foram tomadas de assalto, enquanto
veículos de quatro rodas foram 87 furtados e 246 roubados com emprego de
violência.
Por mês, em média, 78,3 motociclistas são abordados, ameaçados e perdem
suas motos para os assaltantes na cidade de Feira de Santana, enquanto
12,5 são furtados. Já para veículos de quatro rodas a média é menor,
35,15 para roubo e 12,4 para furto. No mês de janeiro tivemos o maior
índice de roubos e furtos a veículos de duas e quatros rodas na cidade,
ao todo 177, desses apenas 90 foram recuperados. Já o mês de junho foi
registrado a menor estatística, com 121 veículos levados por bandidos,
em contrapartida 53 foram reavidos.
Gilberto dos Santos Damasceno foi mais uma vítima de assalto a veículo
na cidade. Segundo ele, somente esse ano, teve a motocicleta roubada
duas vezes, o último asssalto ocorreu na noite desta quinta-feira (24)
no bairro Mangabeira.
“Eu estava voltando do trabalho quando dois homens armados sairam do
matagal e me renderam. Não me agrediram só mandaram eu descer da moto e
correr, foi o que eu fiz. Essa foi a segunda fez que tomam minha
motocicleta, no ínicio do ano no bairro Santo Antonio também dois homens
armados me pararam e levaram a moto, mas graças a Deus, a Polícia
recuperou”, disse.
Durante a matéria, Gilberto ficou sabendo que teve novamente sua
motocicleta recuperada. “Mais uma vez eu tive sorte, conseguiram
encontrar minha moto, é a única que eu tenho para trabalhar. Acho que
dessa vez vou colocar no seguro para ficar mais tranquilo”, ressaltou o
jovem.
DESMANCHE
Os carros roubados, muitas vezes terminam depenados. Este ano, quatro
locais onde ocorriam desmanches de veículos foram estourados pela
Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR). O último ocorreu há um
mês, dentro de um condomínio residencial no bairro Papagaio, no qual
foram encontrados 30 caixas de marchas e 10 blocos de motores de
veículos quatro rodas já desmontados. Muitos deles de veículos
importados.
Para disciplinar a atividade de desmanche de peças de veículos
automotores no Brasil, a presidente Dilma Rousseff sancionou mês
passado, uma lei, apelidada de Lei do Desmanche que entrará em vigor ano
que vem e prevê multas que variam de R$ 2 mil a R$ 8 mil aos
estabelecimentos infratores.
O projeto determina que o banco de dados terá registro de todas as peças
retiradas dos veículos desmanchados e informações sobre a destinação
final da peça, se será utilizada para reposição ou para sucata. A
implementação e a gestão do banco de dados será feita pelo Conselho
Nacional de Trânsito (Contran), que vai regulamentar a lei e detalhar
sua execução.
INVESTIGAÇÃO
Segundo o delegado André Ribeiro, titular da DRFR de Feira de Santana, a
Polícia tem sido eficaz quanto a recuperação desses veículos. Ele
lembra que a maioria dos veículos roubados ou furtados são usados na
prática de assaltos na região, outros são levados para fora do estado,
vendidos nas pequenas cidades do interior e outros são desmanchados.
“Grande parte desses veículos são encontrados aqui em Feira, outros em
Salvador. Fica difícil recuperar quando são vendidos nas pequenas
cidades do interior, e isso já virou uma cultura, ou quando são
depenados. Há casos diversos de recuperação, como a própria investigação
ou os veículos são abandonados ou encontrados com a ajuda do rastreador
até recuperamos um veículo que faltou gasolina e os bandidos
abandonaram”, explicou.
Ribeiro ponderou ainda sobre a nova Lei dos Desmanches, para ele será
uma nova ferramenta para identificar quadrilhas especializadas em
roubo/furtos de veículos para desmanche e venda de peças.
“Será interessante, pois teremos uma maior fiscalização nessas lojas de
peças usadas e consequentemente a diminuição desse tipo de crime, mas
devemos ressaltar que não havendo comprador, não haverá venda. As
pessoas têm ciência que determinadas lojas são suspeitas de venda de
peças de veículos roubados e mesmo assim não se importam e compram”,
lembrou o delegado.
Folha do Estado.