A temperatura
global aumentará 3,6°C em longo prazo, a menos que os governos revisem
seus objetivos para combater as mudanças climáticas, declarou nesta
terça-feira, 12, a Agência Internacional de Energia (AIE) em um
relatório que coincide com a realização da cúpula da ONU sobre o clima,
em Varsóvia.
No
cenário traçado pela AIE, a agência de energia dos países desenvolvidos,
as emissões de gases do efeito estufa relacionados com a energia, e que
representam cerca de dois terços das emissões totais, aumentarão em 20%
até 2035, se implementadas as metas atuais anunciadas pelos Estados.
"Este
cenário leva em conta o impacto das medidas anunciadas pelos governos
para melhorar a eficiência energética, apoiar as energias renováveis ,
reduzir os subsídios aos combustíveis fósseis e, em alguns casos,
definir um preço para o CO2", explica a AIE em seu relatório anual
apresentado em Londres.
A
agência alerta que o aumento de 20% destas emissões "energéticas"
(causadas principalmente pela queima de carvão e petróleo, mas também de
gás) "colocará o planeta em um caminho coerente de um aumento médio da
temperatura em longo prazo de 3,6°C, bem acima da meta de 2ºC em nível
internacional".
16 bilhões de litros de petróleo ao dia
A
agência também publicou nesta terça suas previsões para o consumo
mundial de petróleo até 2035, quando serão consumidos cerca de 101
milhões de barris por dia (mbd), um aumento de cerca de 14 mbd em um
quarto de século. Isso significaria um consumo de 16,1 bilhões de litros
de petróleo por dia.
No que
se refere ao carvão, o mais poluente, mas que continua a ser a principal
fonte de energia dos dois países mais populosos (China e Índia), a AIE
prevê um aumento no consumo de 17% até 2035 (dois terços desse aumento
ocorreria antes de 2020).
A razão
é que o carvão continua a ser mais barato do que o gás em muitas
regiões do mundo e, portanto, "as opções políticas na China" sobre esta
questão serão fundamentais, ressalta a AIE.
Por sua vez, a produção de energia nuclear aumentará em dois terços, "impulsionada pela China, Coreia do Sul, Índia e Rússia".
Apesar
deste panorama desolador, a agência prevê um desenvolvimento
significativo das energias renováveis , especialmente a energia
elétrica, e prevê que em 2035 este tipo de energia será responsável por
30% do total consumido.
No
relatório, a AIE cita quatro pistas para melhorar a "competitividade da
energia", mas sem afetar negativamente o crescimento econômico: melhorar
a eficiência energética, limitar usinas a carvão ineficientes,
minimizar as emissões de metano de petróleo e gás e reformar os sistemas
de subsídios às energia fóssil, o que em alguns países deprimem
artificialmente os preços.
A
publicação deste relatório coincide com a 19ª conferência climática da
ONU em Varsóvia, onde 190 países discutem esta semana as bases para um
grande acordo para limitar as emissões de gases do efeito estufa para
que a temperatura não suba mais de 2°C, a ser assinado em Paris, em
2015.
Fonte: A Tarde