Pouco adiantou a obstrução da pequena bancada evangélica na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) – contrária a criação do Conselho Estadual dos Direitos da População de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) – com direito a protesto de “religiosos ilustres” na galeria da Casa. Entre os opositores do projeto estavam o suplente de senador Eliel Santana (PSC), o vereador Heber Santana (PSC), além de pastores e fiéis de diversas religiões e igrejas. Após o pedido de vista na semana passada, o projeto de criação do grupo temático – de autoria do Poder Executivo – foi aprovado na sessão desta terça-feira (28), com voto contrário dos deputados Pastor Sargento Isidório (PSC), Sidelvan Nóbrega (PRB), Maria Luiza Orge (PSC), Pastor José de Arimatéia (PRB) e Carlos Ubaldino (PSD). Na votação em segundo turno, Isidório chegou a orar pela derrubada do conselho e ainda ameaçou obstruir a votação, mas atendeu a um pedido do presidente da Casa, Marcelo Nilo (PDT). “Estou morto [de cansaço], não faça isso comigo”, clamou. O projeto passou com o sim da maioria e seguirá para a sanção do governador Jaques Wagner (PT), que deve ter uma surpresa no dia 3 de fevereiro, quando estará na AL-BA para abrir os trabalhos do ano legislativo de 2014. Isidório prometeu, pouco antes da análise da matéria, mudar o figurino.
A conversa era com colegas de Assembleia, mas foi flagrada
pela reportagem do Bahia Notícias. “Se aprovar o projeto vou receber o
governador travestido… de bailarina… virei travestido de gay”, afirmou.
Logo depois da aprovação, o BN questionou o deputado se ele iria cumprir
a promessa e pediu para gravar o recado dado a Wagner. No entanto, o
pastor se recusou, em meio a gargalhadas, e alegou que estava
“alucinado” com o “momento
conturbado” após a votação do tema. Isidório ainda deu novas e
polêmicas declarações, classificadas como “estúpidas” por colegas que
sequer quiseram comentar o assunto. “O grupo gay quer queimar a rodinha e
quer que isso seja regulamentado pelos deputados. [...] A sociedade
corre o risco de transformar a bicharada em patrimônio”, acusou. Logo
depois, o parlamentar cristão ainda disse temer que outros grupos
minoritários conquistem “vitórias” no Legislativo, ao se referir a uma
classe específica. “Daqui a pouco vai ter o conselho da zoofilia, porque
é minoria e não é crime. Vai vir para cá comedor de jegue, cachorro,
cabra”, listou o pastor, sem qualquer pudor ao tratar da pauta. O
deputado ainda fez questão de dizer que – mesmo se auto-denominando
ex-gay, ex-viciado em drogas e ex-soropositivo – nunca manteve relações
sexuais com animais, ato que atribui a um irmão dele com espécimes
galináceos.
Bahia Notícias