Doença que tem assustado baianos, a síndrome de Haff é conhecida por, entre outras coisas, contaminar as pessoas através do consumo de peixes e causar o escurecimento da urina. Com a proximidade da Semana Santa – época em que o consumo do pescado aumenta – o Bocão News consultou um especialista para saber os cuidados que devem ser tomados.
Médico do núcleo de epidemiologia do Hospital Roberto Santos e professor dos cursos de medicina da Uneb e FTC, Claudilson Bastos apontou que a “fiscalização” sobre o produto comprado é o principal fato.
“A síndrome da Haff é autolimitada. Ou seja, evolui sem complicações se for bem tratada.
A pessoa, na hora da compra do peixe, tem que observar a procedência do produto. É recomendado que se compre o peixe fresco”, disse.
A pessoa, na hora da compra do peixe, tem que observar a procedência do produto. É recomendado que se compre o peixe fresco”, disse.
O médico afirmou ainda que, em geral, a síndrome acomete quem consume peixes de água doce. Não é sólido, porém, que peixes de água salgada não transmitam a síndrome.
Entre dezembro de 2016 e este mês, foram cerca de 50 ocorrências. Amostras de fezes, urina e sangue de 15 pessoas intoxicadas foram analisadas por especialistas. Estas pessoas ingeriram os peixes Olho de Boi e Badejo e, após a pesquisa, os pesquisadores concluíram que houve intoxicação.
A DOENÇA – A síndrome de Haff, explica Bastos, é um quadro de mialgia – ou seja, dores musculares significativas - e o que se explica é que Haff é documentada como vindo de uma toxina do peixe. “Não é um vírus ou bactéria. Alguns pacientes podem evoluir devido ao aumento da CPK (enzima muscular) na corrente sanguínea. Se a CPK estiver elevada na corrente sanguínea, faz com que o doente apresente a urina mais escura”, explica.
A enfermidade, se não for tratada adequadamente, pode evoluir para insuficiência renal.
HISTÓRICO - De acordo com estudo publicado na Revista Brasileira de Terapia Intensiva, Entre 1934 e 1984, foram descritos outros surtos similares da doença de Haff na Suécia e na antiga União Soviética. Os primeiros dois casos relatados nos Estados Unidos ocorreram no Texas, em junho de 1984. Entre 1984 e 1996, apenas quatro outros casos foram relatados nos Estados Unidos, dois em Los Angeles e dois em San Francisco (ambas as cidades no Estado da Califórnia). Em 1997, foram relatados, nos Estados Unidos, cinco casos da doença de Haff (nos Estados da Califórnia e Missouri) em um período de cinco meses (entre março e agosto); todos os casos foram associados à ingestão da espécie Ictiobus sp.
Em 2001, foram relatados mais casos nos Estados Unidos, que envolviam a ingestão de peixes de água doce pertencentes à família Cambaridae no Missouri e salmão na Carolina do Norte. Em setembro de 2010, foram relatados, na China, alguns casos de doença de Haff associada ao consumo de peixes de água doce da família Parastacidae.
Por Alexandre Galvão
Bocão News